Gênero (gender), s., apenas um termo gramatical. Seu uso para falar de pessoas ou criaturas do gênero masculino ou feminino, com o significado de sexo masculino ou feminino, constitui uma brincadeira (permissível ou não, dependendo do contexto) ou um equívoco. (Fowler, Dictionnary of Modem English Usage, Oxford 1940).
Muitas vezes o termo gênero é erroneamente utilizado em referência ao sexo biológico. Então, para começar, vejamos alguns conceitos de gênero:
Conceito de ordem geral que abrange todas as características ou propriedades comuns que especificam determinado grupo ou classe de seres ou de objetos. (Dicionário Michaels)
Gênero é um elemento constitutivo das relações sociais baseado nas diferenças percebidas entre os sexos… o gênero é uma forma primária de dar significado às relações de poder. (Scott, 1995)
Para entender melhor, é preciso inicialmente diferenciar gênero de sexo. O sexo pode ser masculino ou feminino, e corresponde à condição biológica como uma pessoa vem ao mundo, já o gênero corresponde ao modo como uma pessoa se identifica. A pessoa pode nascer com o sexo biológico masculino e se identificar com características do gênero feminino, por exemplo.
Ou seja, sexualidade e gênero são dimensões diferentes que integram a identidade pessoal de cada indivíduo. Ambos surgem, são afetados e se transformam conforme os valores sociais vigentes em uma dada época. São partes, assim, da cultura, construídas em determinado período histórico, ajudando a organizar a vida individual e coletiva das pessoas.
Em síntese, é a cultura que constrói o gênero, simbolizando as atividades como masculinas e femininas.
Vejamos um exemplo que nos permita entender melhor essa distinção:
Muitas vezes escutamos frases como “cuidar da casa é coisa de mulher”. O que está por trás de frases desse tipo é justamente a questão de gênero: se o que caracteriza “ser mulher” são simplesmente características biológicas e anatômicas, não haveria razão para alguém atribuir uma atividade especificamente às mulheres. Afinal, qual genitália uma pessoa tem não faria diferença na hora de limpar a casa. Isso demonstra que há algum sentido a mais atribuído a “ser mulher”, algo que vá além do sexo biológico. Esse “algo além” é, justamente, o gênero.
Identidade de gênero
A identidade de gênero diz respeito à como uma pessoa se sente em relação ao próprio gênero.
Ao contrário do que muitos pensam, o gênero não está somente relacionado à anatomia dos órgãos genitais. A autoimagem da pessoa é o fator que mais se sobressai já que ela se define conforme a sua percepção de si mesma. Essa identificação é o que chama-se de identidade de gênero.
Identidade de gênero não é uma escolha: entenda
Para esclarecer ainda mais a questão, segue um pequeno glossário sobre gênero para clarear alguns conceitos: (Fonte: Glossário de gênero: entenda o que é cis, trans, não-binário e mais. Universa, Uol)
Agênero: É aquele que tem identidade de gênero neutra, ou seja, não têm um gênero.
Cisgênero: É o indivíduo que se apresenta ao mundo e se identifica com o seu gênero biológico.
Transgênero: Este é um termo "guarda-chuva", segundo a GLAAD, organização LGBT americana que monitora como os membros da comunidade são tratados pela mídia. Ou seja, ele abrange todas as pessoas que não se identificam com o gênero que lhes foi designado ao nascer. No entanto, entre a comunidade trans é possível encontrar ainda identidades como "transexual" e "travesti". Ambos os termos podem designar pessoas transgênero, mas nem toda pessoa transgênero se sente confortável ao ser tratada por estes nomes. É importante perguntar e esclarecer, caso haja necessidade. Muito frequentemente, o termo transexual se refere a uma pessoa que passou pela transição de gênero de maneira física, através de cirurgia de confirmação de gênero para adequação dos genitais e de tratamento hormonal. Já a travesti seria aquela a quem foi atribuído o sexo masculino ao nascer, mas que se veste e se expressa com características femininas. Nem todos os transgêneros, no entanto, buscam este tipo de transição.
Crossdresser: A palavra designa uma forma de expressão de gênero. É um indivíduo crossdresser aquele que se veste com roupas associadas, socialmente, a um gênero diferente do seu. A prática não tem em nada a ver com a orientação sexual. Um homem crossdresser pode ser hétero, por exemplo. Ou seja, ele pode sentir desejo sexual por mulheres.
Drag Queen: Diferente do anterior, este termo caracteriza uma expressão artística. Normalmente, ele é associado aos homens que usam roupas do gênero feminino para uma performance. Esses artistas podem ser mulheres, ainda que seja menos comum. Também existem drag kings, mulheres que se vestem com roupas socialmente associadas à expressão de gênero masculina.
Não-binário: Termo associado a pessoas cuja identidade ou expressão de gênero não se limita às categorias "masculino" ou "feminino". Algumas pessoas não-binárias podem sentir que seu gênero está "em algum lugar entre homem e mulher", segundo a GLAAD, ou até podem definir seu gênero de maneira totalmente diferente — e distante — destes dois polos. Não é, necessariamente, sinônimo de transgênero ou transexual. Uma pessoa não-binária também pode se apresentar como "genderqueer" ou afirmar que tem identidade de gênero "não-conformista".
Por fim, é importante esclarecer que não podemos confundir a orientação sexual (hétero, homo, bi, etc.) com a identidade de gênero. A orientação sexual é como se caracteriza o desejo sexual predominante de uma pessoa — se é por pessoa de gênero diferente, igual ou de mais de um gênero.
Para facilitar a compreensão, a imagem abaixo resume tudo:
Ficou fácil de entender, né? Mas a grande dificuldade é fazer com que todos respeitem as diferenças! Lutemos pela igualdade e pela liberdade!
Referências:
Excelente!! Muito esclarecedor! 😀