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Foto do escritorGabi Campos

Canetada de machista dói

Não basta só ser machista. Tem que escrever pra todo mundo ver. Foi o que aconteceu esta semana. De uma maneira bem inusitada. Que fique claro. Estou usando a palavra inusitada pra não escrever um baita de um palavrão. Marina Tarôco, de São João Del Rei (MG), comprou duas camisetas de uma loja virtual especializada em frases feministas. Na quinta-feira, o pacote chegou. Ela foi toda satisfeita abrir a encomenda. E levou aquele choque. Na embalagem, embaixo da etiqueta da loja, que fica em Araraquara (SP), estava escrito, de caneta esferográfica: “E a louça? Lavou?”.

Foto: Reprodução/Internet


Passado o susto, e a revolta, Marina entrou em contato com a imprensa, com a loja, com a empresa que fez a entrega, e postou o acontecido nas redes. A dona da “The Feminist”, Délis Magalhães, ficou bem chateada porque, mais que vender um produto, tenta difundir uma ideologia. Mas disse que, infelizmente, não se surpreende mais com esse tipo de atitude.


A Jadlog, empresa que fez a entrega, informou em nota que “repudia o comentário machista e a atitude discriminatória às mulheres. E que defende um caminho livre de machismo, racismo ou qualquer outro tipo de preconceito e atua diariamente para que essa consciência também se estenda a todos os seus colaboradores”. Também afirmou que vai apurar se a origem da alteração da embalagem foi feita por um de seus funcionários, já que são inúmeras as etapas percorridas até chegar ao destinatário final.


À noite, ainda indignada, Marina postou nas redes sociais a foto da embalagem e do comentário machista à caneta, contando o que aconteceu. Foram várias as repercussões. Algumas solidárias. Outras, porém, não. Incrível como o ambiente virtual pode ser tóxico e contribuir para perpetuar ideologias como essa que levam a nada menos do que à violência contra a mulher. Comentários do tipo: “mas e a louça, está lavada ou não?” foram recorrentes.

Comentários machistas na postagem da Marina

Foto: Redes Sociais/Reprodução

No adesivo da caixinha que Marina recebeu estava escrito “não existe força mais poderosa do que uma mulher determinada a viver seus sonhos”. A ironia da história é que a canetada empoderou a moça de 28 anos. Ela vestiu a camisa que recebeu, literalmente, e comprou a briga. Ao lado de Délis, a dona da loja, quer saber quem ele é. E as duas, juntas, estão tomando todas as medidas necessárias.


Pois é, senhor machista. Já não se fazem mais mulheres como antigamente. Aquelas que lavavam a louça, enquanto você assistia futebol, tomava cerveja e colocava os pés PRA CIMA. Elas vão é PRA CIMA de você. Com a Justiça. Porque o que aconteceu aí foi crime de ódio. E para esse crime tem punição. Eu não te desejo boa sorte.


Para saber mais:

Piada só existe se a gente ri junto. Piada só existe quando não há desequilíbrio de forças entre quem ri e quem é alvo. E o mais importante: machismo não tem graça.


A publicitária gaúcha Paula Essig e a Revista AzMina criaram a campanha #MachismoNãoÉBrincadeira, uma produção filantrópica feita fundamentalmente por mulheres. E sem retoques digitais nos corpos das modelos. Veja o vídeo:



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